1 de novembro de 2010

RESENHA

Postado por Ana Paula às 17:56
TIPO TEXTUAL: DISSERTATIVO
GÊNERO TEXTUAL: RESENHA


Resenha é uma produção textual, por meio da qual o autor faz uma breve apreciação, e uma descrição a respeito de acontecimentos culturais (como uma feira de livros, por exemplo) ou de obras (cinematográficas, musicais, teatrais ou literárias), com o objetivo de apresentar o objeto (acontecimento ou obras), de forma sintetizada, apontando, guiando e convidando o leitor (ou espectador) a conhecer tal objeto na integra, ou não (resenha crítica).
Uma resenha deve conter uma análise e um julgamento (de verdade ou de valor).
Uma resenha pode ser:

* Descritiva – É o caso dos resumos de livros técnicos, também chamada de resenha técnica ou cientifica. A apreciação, ou o julgamento em uma resenha descritiva julga as idéias do autor, a consistência e a pertinência de suas colocações, ao longo da descrição da obra, ou seja, trata-se de um julgamento de verdade.
* Crítica ou opinativa – Nesse tipo de resenha o conteúdo apresentado é um pouco mais detalhado do que na resenha descritiva, pois os critérios de julgamento são de valor, de beleza da forma, estilo do objeto (acontecimento ou obra). A exploração um pouco maior dos detalhes ocorre devido à necessidade de que o autor da resenha fundamente suas críticas, sejam elas positivas ou negativas, utilizando outros autores que trabalharam o mesmo tema.

Antes da produção da resenha de um livro – por exemplo – devem ser seguidos os seguintes passos:
- Leitura e reflexão sobre o texto do qual será feito a resenha, sendo que muitas vezes são necessárias leituras complementares para um melhor entendimento do tema.
- Resumo da obra, no qual deverão ficar clara as idéias principais do autor. Este resumo será a base para a resenha, mas não ela.
- Selecionar dentre as idéias principais, uma que será destacada, e até aprofundada (no caso das resenhas críticas).
- Emitir um julgamento de verdade (resenha descritiva) ou de valor (resenha crítica), sendo necessária a fundamentação no caso da resenha crítica.
- Elaborar a resenha a partir dos passos anteriores, sendo que a organização do texto fica a critério do autor. A resenha deve conter, ainda, uma brevíssima identificação do autor da obra (vida e outras obras). Ao fim da resenha, o autor da mesma deve se identificar.
Alguns autores indicam ainda outro tipo de resenha, chamada pelos mesmos de resenhas temáticas. Nesse caso, são apresentados vários textos e autores que falam sobre o mesmo tema, fazendo as devidas referências
Fonte: http://www.infoescola.com/redacao/resenha/



Texto: DAS PRÁTICAS CORPORAIS OU PORQUE “NARCISO” SE EXERCITA

No decorrer deste texto, vemos as relações que o corpo assume desde a antiguidade até os dias de hoje, todo o processo de docilização, controle e instrumentalização do corpo para a sociedade.
Na Europa Feudal, devido à dominação da Igreja e dos discursos que desprestigiavam a cultura corporal “o bem da alma era oposto ao corpo e, nesse sentido, preocupar-se com as práticas corporais era afastar-se das coisas da alma”. Nesse momento histórico a relação do sujeito com seu corpo passou a ser carregada de preconceitos e culpa.
Após a primeira metade do século XVIII, observou-se que o discurso médico ganha certa autonomia em relação ao discurso da Igreja, “gerando pedagogias que visavam a subjugá-lo”, as quais traduziam a necessidade de se domesticar o corpo. Nesse contexto, a ciência “que classifica e analisa o corpo e seu detalhe, é aquela que vai legitimar uma educação do corpo visando torná-lo dócil e útil”.
Os períodos citados acima e no texto são importantes para entendermos o corpo contemporâneo porque é nele que se criaram e se consolidaram algumas representações de corpo que ainda hoje marcam nossos corpos, com maior ou menor intensidade. Também nessa fase, mais precisamente a partir da Revolução Francesa e com a estruturação do Capitalismo, o corpo passou a ser tido como mercadoria, como a concretização da força de trabalho.
No filme Tempos Modernos, de Charlie Chaplin, na pele de um operário, representa de crítica a condição alienante do homem em relação ao seu corpo com o advento da mecanização, que gerou tarefas repetitivas nas quais o próprio corpo torna-se uma extensão da máquina. O filme denuncia a violência da industrialização e do progresso à custa da exploração e do descaso para com os operários, pobres e desempregados em geral.
No ambiente da produção, após a Revolução Industrial, instalou-se uma nova maneira de trabalhar. O treinamento dado para a maioria das pessoas acentuava que os seus corpos não pertenciam a si mesmos, mas aos seus chefes. Na indústria emergente, surgiu a linha de montagem (Henry Ford), que consistia na fragmentação do processo produtivo, encadeando- se várias etapas sucessivas e específicas que dariam no produto final que exigia corpos enquadrados aos processos e ritmos da produção independentes das necessidades pessoais de descanso e alimentação. Para manter-se no emprego, a pessoa deveria vencer a doença, o cansaço, as dificuldades pessoais. Aos poucos, formou-se uma força de trabalho alienada de seus corpos, como se esses fossem máquinas em meio a outras máquinas, dirigidas por seus patrões, os responsáveis por pensar a produção. Os homens e seus corpos eram vistos apenas na perspectiva do ganho econômico. O poder disciplinar, ao mesmo tempo em que promovia a utilização máxima da força de trabalho, domesticava e impossibilitava a resistência político-social do trabalhador.
Com o enfoque do discurso médico na aparência física e saudável inicia-se a associação entre saúde e estética, construindo assim a idéia de um corpo saudável, um corpo dinâmico, elegante e magro.
As práticas corporais se distanciaram do discurso médico e passaram a buscar o prazer, a liberação do corpo e o bem-estar. Os ideais de rendimento e controle se difundiram na sociedade através do trabalho industrializado e influenciaram na imagem de corpo dominante.
Transformado em espetáculo pelos meios de comunicação, o esporte, enquanto signo da sociedade contemporânea remete a imagem de viver bem, estar bem consigo, ser vitorioso, transmitido como ideais a serem atingidos pela média da população. [...] o esporte, visto como mais um produto de consumo, precisa criar protagonistas para vender em espetáculo esperado e desejado (RÚBIO, 2001, p. 103).
Desse modo, o discurso esportivo retrata os discursos contemporâneos vigentes na sociedade capitalista atual.
No mundo contemporâneo há uma busca por padrões de beleza de corpos excessivamente magros ou musculosos, responsável pelo aumento da incidência de distúrbios relacionados à auto-imagem. A mídia contribui divulgando imagens estereotipadas de uma ótica corporal que julga ser a melhor determinada pelas relações de mercado. Os meios de comunicações mostram somente corpos que se encaixam em um padrão estético “aceitável”, mediado pelos interesses da indústria de consumo.
Com as repercussões nos meios de comunicação por uma busca de um corpo “aceitável”, as pessoas acabam desencadeando uma série de distúrbios, que giram em torno de anseios mercadológicos. Pois há uma necessidade humana de encaixar-se no padrão de beleza ou em uma identidade estética, quando isso não acontece ou aparecem dificuldades, as pessoas acabam procurando as cirurgias plásticas, o uso de substâncias químicas para conseguir a “boa” forma física, ou acabam sendo assoladas por comportamentos como a bulimia, a anorexia e o narcisismo.
As academias hoje se apresentam cada vez mais sofisticadas. Foram incorporados a sua estrutura física, além do espaço destinado à prática do exercício físico, lojas, bares e clínicas estéticas, formando verdadeiros centros de culto ao corpo. O trabalho corporal desenvolvido pelas academias obedece à lógica das máquinas: onde tudo é cronometrado e mecanizado. Silva afirma que a lógica da máquina “impõe a obediência dos seres humanos à organização mecânica, ignorando o indivíduo e sua condição de sujeito” (2001, p. 102).
Por meio do exemplo de Narciso, no qual o valor primordial era o culto ao corpo como beleza a ser contemplada e admirada, encontramos uma amplitude simbólica que vai além da representação do real. Onde nossos corpos são produtos, construído segundo os moldes do consumo, docilizados e disciplinados para o mercado de corpos, a sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:• Das PRÁTICAS CORPORAIS OU PORQUE NARCISO SE EXERCITA. In: Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Vol.17, n.3, maio, 1996, p. 244-251. ...
• RÚBIO, K. O Atleta e o Mito do Herói. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001
• SENNETT, Richard. O DECLÍNIO DO HOMEM PÚBLICO. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
• SILVA, Ana Márcia. O corpo do mundo: Algumas reflexões acerca da expectativa de corpo atual. In: GRANDO, José Carlos (org). A (DES) CONSTRUÇÃO DO CORPO. Blumenau: Edifurb, 2001.

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